- Iremos vencer?! - Pergunto-me num arroubo de cruel dúvida.
Todos os obstáculos que se impuseram até então, conseguimos sobrepujá-los com maestria, apesar de uns erros de percalsos.
Um à um, fomos avançando lentamente...
Derrotamos nossos incredúlos e os apostadores em nosso fracasso.
O amor... prevaleceu juntamente com nossa perseverança... na esperança.
Enfraquecendo a negatividade alheia... apenas com nosso amor...
O nosso sorriso involuntário...
Quando estamos juntos, tudo podemos...
Mas há um inimigo maior que nos espreita e vai avançando por linhas amigas, sorrateiramente, quase imperceptível. Mas ainda está lá, desperta e sedentaa. Como se fosse uma imensa força da natureza, uma letal predadora salivando... acompanhando cada movimento singelo nosso...
Aguardando pacientemente... um momento de vacilo nosso... para armar seu bote, veloz e único.
Então eu me pergunto em meio a essa madrugada silenciosa e escura.
Apenas essa lua cálida ostenta-se em meio ao manto negro...
Como se estivesse em permanente vigília.
Eu encaro a lua e ela me encara de volta.
- Iremos vencer? - Minha pergunta ressoa no recinto ecoando pelo cômodo solitário.
Não obtenho respostas...
Nem satisfatória e muito menos contraditória.
"Somente o tempo?!" - Dessa vez, a pergunta foi verbalizada apenas, mentalmente.
Porque eu temo o tempo...
O tempo sempre fora um detalhe excruciante em nossa história...
A lei da relatividade.
Quando longe, os dias parecem semanas inteiras e extenuantes.
Quando juntos, o tempo escoa... se torna escasso... insuficiente.
Sempre o tempo.
O nosso algoz particular.
O tempo, a prisão e a liberdade...
O tempo, nosso absolvidor e carrasco.
O tempo, o tirano, dos amantes...
Então eu repito:
- Iremos vencer?!
Porque nas linhas anteriores... você conseguiu compreender com exatidão o medo a me corroer?
Conseuiu buscar no âmago da espada que paira sobre nossas cabeças?
Sobrevivemos a nossa hitória individual... até aqui.
Sobrevivemos a tudo e a todos.
E após nos (re) encontrarmos, adiquirimos uma força impressionantemente maior...
E continuamos a sobreviver...
Separados, somos fracos e facilmente esmagados pela realidade, que devora nossas entranhas a procura de nossas almas... envenena nossos dias, ofusca nosso sol e rouba-nos o ar.
Assim somos eu e você separados, perdidos numa noite sem fim e silenciosa...
Mas...
Nada é mais corrosivo que o nosso receio de sofrer, de nos iludir de amar sem possibilidade de final feliz, nossas personalidades indomáveis e nossos próprios sonhos?
Juntos, quando estamos desfrutando de momentos de paz...
Quando estamos juntos, livres e inundados em nosso próprio amor...
Somos invencíveis... indivisíveis...
Então eu pergunto, pela última vez:
- Iremos sobreviver... a nós mesmos?