Sinto-me como se estivesse suspensa...
Como se toda a minha vida dependesse da sua decisão...
Como se o mundo também estivesse dependendo disso...
Como o próprio mundo houvesse desacelerado...
Aguardando...
Sinto-me como se não fosse capaz de chorar mais...
Não porque não por ausência do sofrimento...
Mas justamente por ele ser tão palpável...
É como se eu visse tudo de um outro ângulo...
Como se estivesse vivendo uma experiência extra corpórea...
Vendo tudo do alto...
Vejo você e vejo eu...
Perdidos... solitários...
As metades...
Tão obviamente transparentes como numa visão de raio-x...
A tendência de mergulhar enlouquecidamente no trabalho...
Tentando fugir desesperadamente...
Mas as lembranças nos alcançam...
Não importa o quanto fugimos...
As lembranças nos assaltam sem aviso...
Rouba-nos o ar...
Meneamos a cabeça, como para nos livrar de um incômodo inseto...
Todos os esforços são em vão...
Então nos refugiamos numa sala distante...
Pois o som alegre dos ambientes nos irritam...
E derrotados nos encostamos em um canto qualquer...
Deixamos nosso corpo fatigado escorregar pela parede fria e lisa...
Escondemos a cabeça nas mãos, apoiadas nos joelhos...
Então... permitimos que as lágrimas... e essas abrem as comportas da dor lancinante...
E o som do riso... o perfume...
Vai atingindo-nos... como lanças...
Perfurando nosso coração...
Arrancando cruelmente... a miserabilidade restante...
Porque não importa o quanto tentamos esquecer...
Porque no final do dia...
Beirando à loucura...
Tudo o que desejaríamos ver...
Para aplacar esses dias infernais...
Seria a imagem daquele que amamos fervorosamente...
Um bálsamo... um gesto de fé...
Algo para agarrar-se e acreditar que esse tormento infindável na verdade... terá fim...
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